Falta Alguém
Charles Porshe
O natal no mundo cristão é uma grande
celebração da vida, do nascimento e do renascimento. Nesta época, reforçam-se
os desejos de perdoar e ser perdoado, amar e ser amado, renova-se a fé e a
esperança na humanidade e num mundo melhor. Na noite de Natal, a família se
reúne para uma ceia especial. Abraços, troca de presentes, alegria... ops. Para
muitas pessoas, o Natal é uma data triste. Falta alguém.
Geralmente na ceia de Natal a mesa precisa de
mais lugares, ou as pessoas se apertam, ou são colocadas duas mesas para
acomodar toda a família. Nas minhas lembranças, a última pessoa a se sentar à
mesa (quando sentava) era a mãe. A mãe é aquela pessoa que deixa tudo arrumado,
termina as saladas, traz as comidas, pergunta se falta algo. Óbvio que todos
querem ou devem ajudar (não se trata aqui absolutamente de defender que só a
mulher deve preparar as coisas da ceia), mas a mãe, em sua infinita bondade,
tem sua essência a natureza de se doar, de abrir a mão de sua comida, de dar a
sua vida em favor de seus filhos e de sua família. Assim como para muitos, a
minha mãe falta novamente neste Natal e vai faltar nos próximos.
Há pessoas que perderam alguém muito amado já
há mais tempo. Uma pessoa querida pode ter partido há dias, meses ou anos. Não
importa. Nós nos lembraremos delas em várias ocasiões, mas parece que no Natal,
o sentimento é mais forte. Acima escrevi sobre a falta da mãe, mas a sensação
de vazio, impressão que arrancaram um pedaço de ti, a angústia de não poder
mais abraçar, a dor da ausência se repete ou é até mais intensa quando pensamos
na falta de um pai, dos avós, amigos ou algo que imagino supera todas as dores
que seria a falta de um filho ou filha. Seria este o vazio do tamanho de Deus
que Dostoveski fala?
O Natal perdeu o seu encanto quando começaram a faltar pessoas na mesa? Não. As pessoas que
convivem conosco precisam e merecem viver a alegria do Natal. E nós também
merecemos. Aqueles que partiram nunca
desejariam que a sua ausência provocasse nossa infelicidade em qualquer ocasião
que fosse, sejam aniversários, formaturas, casamentos ou Natal.
As pessoas que nos fazem falta, ou cadeiras
vazias na ceia do Natal serão constantes em nossa vida que precisa seguir o seu
curso. Celebrar o Natal com alegria não quer dizer que esquecemos aqueles que
se foram antes de nós, e, pelo contrário, deve nos lembrar do quanto temos que
ser gratos por termos tido a oportunidade de conviver e vivenciar esses momentos
com eles. Sentimos e sentiremos saudades sim. Aliás, como definir saudade?
Bilac se aproximou de uma boa definição: “Saudade: presença dos ausentes”.
Os ausentes queridos estão sempre presentes em
nossas almas e nossos corações e acredite: estarão melhores se nós estivermos
bem! Um bom Natal a todos!